Existe um bordão que costumo repetir muito: com pouco, dá para fazer muito. Se você já participou de meus cursos sobre leilões de imóveis e automóveis, acompanha minhas palestras sobre renda passiva e marketing digital ou mesmo me segue no Instagram, já deve ter ouvido essa frase. Mas quase ninguém conhece o caso que deu origem a esse princípio.
Desde muito novo, sempre dediquei parte de meu tempo livre ao trabalho voluntário. Foi por causa disso que, anos atrás, coloquei uns vinte jovens no meu Corsa sedan e dirigi até Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, onde moro.
OK, estou exagerando! Digamos que, contando o motorista, não devíamos ser mais de quinze dentro do carro…
A história é a seguinte: naquela época eu atuava com um grupo de orientação de crianças e adolescentes. Os fins de semana eram dedicados a atividades lúdicas, para que a garotada tivesse momentos de distração saudável, com muitos risos e amizade, ao invés de seguirem pelo mal caminho.
No dia em questão, viajávamos para uma partida de paintball. Nos dividimos em dois carros no melhor espírito “onde cabe um, cabem vários” e pegamos a estrada. Hoje percebo que as condições de viagem eram perigosas, e certamente buscaria outra forma de condução. Mas a realidade é que naqueles tempos não tínhamos muita consciência disso.
Felizmente, chegamos todos bem e começamos a montar as equipes para a brincadeira. Eu não sabia, mas o meu amigo, motorista do outro carro, ia me pregar uma peça: ele já havia brincado de paintball com alguns dos rapazes e, sem que eu desconfiasse, montou seu time só com jogadores experientes.
Quando percebi o estrago já estava feito: com um ou dois minutos de jogo minha equipe havia sido dizimada. Só restávamos eu e meu filho, Rodrigo, contra quinze adversários. Um detalhe: nessa época, o Rodrigo devia ter só uns seis ou sete anos de idade. Era tão pequeno que mal tinha força para segurar a arma de brinquedo.
Naquela situação adversa, precisei traçar uma estratégia depressa. E foi então que me dei conta: a única forma de sair vitorioso daquela partida seria usar nossa maior “fraqueza” a nosso favor.
Em minha visão de mundo, levo muito a sério o ditado de que os maiores antídotos vêm dos piores venenos. Por isso, sempre busco conhecer as minhas fraquezas, mas focar no que uma situação tem de bom. Isso me ajuda a não desperdiçar com o que não vale a pena. É comum que as pessoas fiquem paralisadas diante de problemas por fazerem justo o contrário: se concentrar nas dificuldades e ignorar o que está a seu favor. No episódio que estou contando, desviei dessa armadilha e foquei no que tínhamos de melhor.
Havia alguma vantagem em ter um grupo tão pequeno? Para começo de conversa, era muito mais fácil se esconder… E também tínhamos uma arma secreta: como fiz treinamento de inteligência, sei atirar bem à distância. Provavelmente, tinha pontaria melhor do que qualquer outro lá.
Combinei com o Rodrigo o seguinte: como não conseguia empunhar o rifle, ele se esconderia entre as árvores e daria alguns tiros a esmo para atrair os adversários. Enquanto isso, eu ficava de tocaia. Como ainda era muito pequeno, ele conseguia se proteger atrás de um tronco, obrigando os adversários a se aproximarem após avistá-lo. E eu esperaria em outro lugar, com ângulo perfeito, pegando eles desprevenidos.
A estratégia funcionou. Vencemos eles um a um, e o outro grupo mal acreditou em nossa virada.
Para mim, é fácil entender o motivo de nosso sucesso: avaliamos a situação e buscamos uma maneira de explorar nossas fraquezas em nosso favor. Não nos concentramos no problema, mas na forma de solucioná-lo com o que tínhamos à disposição.
Outros fatores determinantes foram a clareza dos comandos e a obediência de meu filho. Como ele entendeu o plano com facilidade e viu que poderia dar certo, seguiu minhas instruções não porque era obrigado, mas porque acreditava nelas.
Como explorar os pontos fracos, e como garantir que os pontos fortes façam a diferença? A chave é estratégia, trabalho de equipe e uso inteligente das ferramentas à disposição. Não devemos ter medo de nossas fraquezas, mas neutralizá-las ou usá-las em nosso benefício. Jamais podemos deixar elas nos paralisarem. É possível fazer isso mudando a forma como se encara um problema: conheça seus limites, mas foque no que você tem de melhor.
Embora essa história tenha ocorrido em um ambiente de brincadeira, essa visão serve para tudo na vida. Inclusive para os negócios. Aplico essa mesma didática em todas as minhas áreas de atuação, e foi graças a ela que pude passar de um saldo negativo no banco para uma vida de independência financeira. É a partir desse pensamento que ensino as pessoas a construírem riqueza e renda passiva com investimentos sólidos, como os imóveis, e a prosperarem no mundo dos leilões judiciais e extrajudiciais.
Por isso, afirmo e continuarei afirmando: com menos, dá para fazer muito. Não digo porque soa bonito. Digo porque acredito na mensagem.
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