Esses dias me lembrei de algo que aconteceu quando eu ainda era muito pequeno e me marcou para sempre. Mal lembro do episódio, de tão novinho que era: devia ter por volta de dois anos, talvez até um pouco menos. Naquela época, nem sonhava com leilão de imóveis, renda passiva, investimentos… mas é interessante perceber como já havia algumas sementinhas sendo plantadas para moldar o meu futuro.
Para dar um contexto, devo dizer que a minha mãe sempre cozinhou muito bem, e o feijão é uma de suas especialidades. Mas no dia em questão alguma coisa deu errado. Não sei se comi demais ou se ela se enganou em alguma parte do preparo.
Só sei que o resultado foi feio: sofri de intoxicação alimentar e fui parar no hospital com infecção intestinal.
Embora eu só conheça essa história de ouvir contar, eu lembro muito bem do trauma que ela causou em mim. As marcas ficaram cravadas no fundo do meu inconsciente. Tanto é que não voltei a colocar uma colher de feijão na boca durante praticamente toda a minha infância. Sempre que alguém tentava me convencer a comer o prato, ou mesmo o caldinho, eu reagia com a mesma resposta:
“Caquinha não! Caquinha não!”.
E estaria assim até hoje, se não fosse pela intervenção de minha avó. Quando isso aconteceu eu já tinha mais de doze anos. Ela me viu fazendo manha para comer feijão no almoço e chegou falando com seu jeito simples, mas cheio de significado, como quem não quer nada:
– Lerry, o feijão é muito especial porque é cozinhado na pressão. E pressão é uma coisa muito boa. Sabe, se o feijão é servido cru, ele é muito tóxico. Pode até matar. Mas quando fica sob pressão ele vai se transformando aos pouquinhos, até virar algo delicioso e muito nutritivo. Você deveria experimentar.
Aquelas palavras me deixaram muito impressionado. Do jeito que ela falava, a panela de pressão parecia uma espécie de artefato mágico, um instrumento capaz de transformar grãos de veneno em subsistência. Resolvi dar uma chance, e não deu outra: nunca mais deixei de comer feijão.
Mas muito mais importante do que a mudança dos meus hábitos alimentares foi a lição que minha avó plantou em minha mente: da pressão nasce a transformação.
Na prática, o que isso significa? Simples: não devemos fugir das adversidades. Como o feijão dentro da panela, nós só crescemos e nos desenvolvemos sob pressão.
Se não formos desafiados por cobranças, adversidades e situações inesperadas, ficaremos “crus” para sempre. Não descobriremos o nosso verdadeiro potencial e, dependendo da situação, podemos até fazer mal aos outros.
Por outro lado, se reagirmos aos desafios e adversidades que a vida nos impõe da melhor forma que possível, seremos capazes de nos transformarmos em pessoas e profissionais melhores. Para que isso aconteça, contudo, precisamos mudar nossa atitude: ao invés de entrarmos em pânico diante de situações difíceis, devemos nos preparar para aprendermos o máximo possível durante o processo. É a melhor maneira de descobrirmos do que somos capazes, e também para encontrarmos formas de beneficiar aqueles ao nosso redor.
Claro, aos doze anos de idade eu não pensei nesses termos. Esse era o poder das palavras de minha avó: guardavam muita sabedoria, mas só entregavam essa sabedoria aos poucos, conforme eu mesmo fosse “desembrulhando” seu significado ao longo dos anos. Como um presente que você nunca para de ganhar.
Só entendi o real significado do que ela tinha me dito quando corri o risco de perder a minha casa. Se não tivesse passado por esse perrengue, nunca teria descoberto como um leilão funciona. Talvez vivesse empilhando dívidas até hoje, sujando meu nome na praça, ao invés de ter encontrado as ferramentas para construir a minha fortuna e ajudar os outros a fazerem o mesmo.
Aposto que você nunca pensou que cabia uma lição desse tamanho em um pratinho de feijão, não é?
Sugiro que você também reflita sobre a forma como reage a situações de pressão, e quais os ensinamentos que pode tirar dos apertos por que já passou. Não importa se o seu ramo é o aluguel ou a compra e venda de imóveis, o mundo dos leilões de imóveis ou automóveis, se sonha em viver de renda passiva… você certamente já passou por dificuldades na vida, e pode extrair boas lições dela para sua jornada rumo à independência financeira.
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Até a próxima!